Baseado num artigo de Claúdia Estanislau em http://www.itsallaboutdogsforum.net/.
As pessoas que não costumam encarar o treino do seu cão apenas por reforço positivo consideram normalmente que este método tem limitações e que eventualmente terá que se recorrer ao reforço negativo. Na verdade essas limitações estão na nossa cabeça e em mais lado nenhum, porque uma coisa é não imaginarmos como acabar com determinados comportamentos de forma positiva e outra completamente diferente é não existir uma forma de o fazer. Existe na verdade sempre uma forma positiva de acabar ou mudar um comportamento indesejado.
Todos os animais estão programados para o fazer, através da selecção natural do senhor Darwin. Imaginemos uma águia que tem um território e certa vez passa a voar num determinado vale encontra um coelho e come-o, a passagem por esse vale passa a ser parte integrante do itenerário de voo diário. Imaginemos uma pessoa que passa por uma rua e um dia encontra uma nota no chão junto de um poste, a partir desse dia é garantido que vai olhar sempre para o chão nesse sitio, não o consegue evitar. Agora imaginemos um cão que chora para lhe abrir uma porta e você farta-se de o ouvir a ganir e vai lá abrir a porta, a partir desse dia não vai chorar de solidão vai chorar com o propósito de abrir a porta. A isto chama-se sobrevivência e adaptação ao ambiente, aquilo que é reforçado é repetido e o que não é reforçado extingue-se.
Mas então como é que por reforço positivo extinguimos um comportamento?! Bem a resposta já está dada, através de não reforçar inadvertidamente o comportamento, ignorando o cão nessas situações. Imaginemos que estamos na hora de dar comida ao nosso cão e começamos a mexer no saco de ração no comedouro, etc., o cão começa aos saltos, suja a nossa roupa, derrama a ração pelo chão e dificulta a passagem da ração do saco para o comedouro connosco a gritar o tempo todo "TÁ QUIETO, TÁ QUIETO". Bem o que interessa em termos de treino de cães não são as nossas palavras são as nossas acções e a moral da história é que no final deste fernezim ele está a comer alegremente perfeitamente convicto de que foram os seus saltos que levaram à recompensa. Ninguém gosta destes comportamentos mas estamos a reforçá-los inadevertidamente e o que devemos fazer é reter a comida até que nos seja oferecido um comportamento "educado" por parte do cão e nesse momento dar a comida, fazendo isto extinguimos o comportamento antigo e reforçamos o novo.
No entanto o que um dono de um cão deve ter em mente é que em todos os momentos de um dia o cão está a ser educado, ou seja, todos os comportamentos que são produzidos pelo cão serão reforçados ou ignorados pelo dono e através disso ele irá repeti-los ou entrarão em extinção. Mas se no inicio o cão aprende que determinado comportamento é reforçado (como ganir e os donos aparecerem nem que seja para ralhar) quando o dono resolver extinguir o comportamento vai-se deparar com uma situação a que se chama "extintion burst". Este fenómeno pode ser explicado através da seguinte comparação ... alguém tem um carro novo que pega imediatemente quando roda a chave e um dia roda a chave e nada, a pessoa imediatamente chega à conclusão que o carro está avariado e chama o reboque, no entanto outra pessoa que tem um carro em quinta mão que por regra pega à quarta ou quinta vez que damos à chave na ignição, num certo dia dá a chave cinco e nada, tenta seis, sete, dez vezes, ou tenta durante uma meia hora até chegar à conclusão que realmente o carro nesse dia não vai pegar e chama o reboque. Antes de desistir esta pessoa vai tentar várias vezes com cada vez mais ansiedade até atingir um pico de frustração e de seguida desistir. Isto também acontece com os cães quando pretendemos extinguir um comportamento, e na verdade quando julgamos que está a piorar muitas vezes isso poderá ser um indicador que está na verdade a resultar e entrar em extinção.
Existem ainda situações em que o comportamento indesejado é um reforço em si para o cão, como por exemplo fazer exercicio na sala e o seu cão achar que é brincadeira e começar a saltar a rosnar, a ladrar, etc., impedindo o seu exercicio e adorando estar aos saltos por todo o lado. Nestas situações será mais aconselhável ensinar ao cão o que chamamos de comportamento incompativel. Ensinamos o cão, reforçando o comportamento, por exemplo a estar sentado ou deitado enquanto estamos a fazer exercicio na sala, paramos de pouco em pouco tempo para reforçar o cão no local onde está deitado (vamos aumentando o tempo entre as recompensas) até poder fazer todo o exercicio que queremos. É o que se chama comportamento incompativel porque enquanto está deitado, o cão não pode estar a saltar, e ele devido ao reforço vai preferir estar deitado.
O pico antes da extinção:
Ensino de comportamentos incompatíveis:
O limite do treino positivo está na imaginação do treinador.
Bons treinos!
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