segunda-feira, 2 de maio de 2011

Perspectivas de normalidade...

O ser humano vive condicionado no seu ambiente, seguindo uma série de rituais/comportamentos ensinados/aprendidos ao longo da vida. Somos animais sociais, pelo que saber o que fazer em cada situação é importante para que possamos inserir-nos no grupo e sermos aceites.
Os cães também são animais sociais e também sentem necessidade de ser aceites pela família humana, mas os comportamentos inatos e o seu sentido de normalidade obviamente que é diferente do nosso. Para que um cão encare como normal um determinado comportamento, normal para os humanos, temos de o ensinar.
Veja-se por exemplo a hora da refeição, muitos donos de cães consideram que o cão normal deveria deitar-se calmamente enquanto ingerem a sua refeição à mesa. Quando o cão lhes salta para cima ou coloca o focinho ou patas na mesa, ficam escandalizados, afirmando que não entendem este comportamento porque nunca deram nenhuma comida ao cão quando estão à mesa.
Mas para o cão o que se passa é que está um bife suculento no seu prato que emana um cheiro muito melhor que qualquer ração para cão, por isso, mesmo nunca tendo comido nenhum bife, o sítio mais agradável para estar é o mais próximo do bife que conseguir. Este comportamento está a ser recompensado por poder cheirar o próprio bife... não precisa de o comer... humm que cheirinho...!!!
Por isso o normal não é estar deitado a três metros da mesa... o normal para o cão é estar com o focinho colado ou dentro do prato!
Dito isto, temos de lhe ensinar que o comportamento aceite e querido por nós, humanos, é que ele esteja deitado ou sentado a alguma distância da mesa, mas a nossa satisfação não é suficiente como é óbvio... como tive oportunidade de explicar no post anterior. Temos de mudar as consequências do comportamento em si para que o cão pondere executar outro comportamento que vá de encontro com aquilo que consideramos normal. Podemos ter duas abordagens distintas no meu entender.
1- Sempre que o cão salta para cima de nós ou da mesa, marcamos com um “Não”, ou qualquer outra palavra, e colocamos o cão numa divisão isolada por cinco minutos, sem ter acesso ao sítio da refeição, o que fazemos com isso é castigar negativamente o cão retirando-lhe o acesso ao que quer, passado esse tempo deixamo-lo voltar a estar connosco.
2- Por outro lado podemos ensinar um comportamento incompatível, colocando um tapete ou a própria cama do cão na divisão onde são feitas as refeições mas num sitio que ache adequado e quando ele pisar a cama/tapete, marque e recompense... faça isso umas vezes e depois espere que ele se sente ou deite nesse sítio... marque e recompense... rapidamente ele vai permanecer deitado à espera de mais uma recompensa... pode deixar de marcar e ir apenas atirando uma recompensa de tempos a tempos de forma aleatória e depois progressivamente mais intervalada... aconselho vivamente que utilizem esta segunda forma de ensinar o cão, conseguirão com isto um cão cooperante e confiante no dono. Em relação aos reforços aconselho que mantenham uma base aleatória até conseguir que passe toda a refeição deitado e apenas ser recompensado no final... os espaços de tempo progressivamente maiores poderão quebrar o comportamento, porque às tantas 45 minutos de espera para um quadradinho de queijo ou uma rodela de salsicha não compensa... mais vale ir cheirar o bifinho... é preferível manter o tempo aleatório, assim o cão não sabe quanto tempo tem de esperar, pode ser pouco ou muito, por isso mais vale esperar para ver.

Bons treinos!