sexta-feira, 19 de junho de 2009

Fases do treino com recompensas.

Muitos criticos e donos desconfiam do treino com recompensas e afirmam que os cães depois só farão os exercicios caso tenha uma recompensa para lhe dar. O Dr. Ian Dunbar explica como retirar a recompensa por 4 fases, a que ele chama "quantum leaps". Fazer esse faseamento permite retirar a recompensa mantendo o comportamento desejado.

1. Retirar os engodos:
No inicio é vulgar usar a recompensa na mão como engodo para o cão seguir o movimento e fazer a posição desejada. À medida que o cão aprende a ver os movimentos e a antecipar a posição a sua mão passa a ser um gesto suficientemente eficaz. Mantenha a sua mão com a palma para cima para o senta, e para baixo nos deitas. A seguir a umas repetições o seu cachorro começará a antecipar a posição através do gesto. Depois retira o gesto e dê apenas a ordem verbal, sem repetir, e aguarde até ele cumprir. Faça repetições com sentas e deitas seguidos com as mãos vazias e a recompensa no bolso. Dê a recompensa a cada ordem directamente do bolso.
Esta é a primeira fase, o seu cão aprendeu que não precisa de ver a recompensa para que ela lhe seja dada. É hora de começar a reduzir as recompensas.

2.Reduzir as recompensas:
Vamos começar a pedir mais por menos. Agora faça as repetições com sentas e deitas seguidos com as mãos vazias com as recompensas no bolso e peça ... senta-deita-senta-deita... Não recompense a cada ordem e não tenha pressa em dar recompensas. Apenas recompense respostas rápidas, sempre melhores que as anteriores.
Esta é a segunda fase, o seu cão aprendeu que as recompensas nem sempre aparecem, e que é melhor responder sempre se quer que apareça a recompensa.

3. Retirar as recompensas:
Agora é altura de esvaziar os bolsos e recompensar com festas, recompensas verbais, brincadeira, obter qualquer coisa que ele queira, etc. Esta é a terceira fase, o seu cão aprende que há mais coisas boas que pode receber de cumprir ordens.

4. Retirar recompensas por completo:
Eventualmente deixará de ser necessário recompensar o seu cão pelos comportamentos desejados. Recompensar o cão é sempre desejável e agradável de fazer no entanto o seu comportamento já não está dependente da recompensa para acontecer.
Depois desta quarta fase as recompensas (de qualquer tipo) já não serão necessárias, uma vez que os bons comportamentos são auto-recompensantes, ou seja, a resposta é a recompensa para o cão. Na realidade é como aprender a estudar e ter boas notas na escola, chega a uma altura em que o bom aluno é recompensado apenas pelo facto de aprender e saber cada vez mais, não precisa de mais nada.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Quando é que isto acaba?

Não seja dos que não fazem nada para mudar!

Eleições europeias

Acabaram mais umas eleições, neste caso europeias. É com alguma tristeza que vi ganhar o cantidato Paulo Rangel, não por ele ser do PSD ou por não gostar de todas as suas opiniões, apenas tenho dificuldade em simpatizar com alguém que considera os animais como um recurso ao nosso dispor e não seres com os quais partilhamos a nossa casa que é a terra. Para mim alguém assim sofre de um problema de desensibilização como sofriam os nossos antepassados quando consideravam as pessoas de origem africana inferiores, ou as mulheres. Os animais não são de facto inferiores, são diferentes, só mesmo diferentes e quem sintonizou a SIC num destes domingos viu um documentário que provava que os chimpanzés têm maior capacidade de memória operacional que os humanos. Nós teremos outras partes do cérebro mais desenvolvidas, mas parece que essa não é uma delas. Sabe-se também que um polvo tem mais terminações nervosas que a maioria dos animais, como tal sentirá maior dor. Já está provado também que os animais têm emoções, coisa que foi um tabu durante décadas para os investigadores da vida selvagem, mas que agora assumem com grande certeza. Obviamente que não terão pensamentos tão complexos como os nossos mas as emoções base são as mesmas... não são por conseguinte apenas coisas, como a nossa legislação os classifica.
Posto tudo isto como é que deixamos que uma pessoa que ignora todas estas descobertas seja o nosso representante na Europa. A maioria dos portugueses é contra as touradas e a caça, considera-as bárbaras, no entanto a maioria escolheu o Paulo Rangel, não podemos deixar que estas coisas continuem a acontecer ficando de braços cruzados.
Vivemos em democracia e os tempos mudaram... é só uma questão de nos fazermos ouvir!

domingo, 7 de junho de 2009

Ensinar a gostar de ser examinado ou manipulado!

Viver com um cão que não deixa que lhe mexam, ou que o abracem é tão ridiculo como viver com uma pessoa que não goste de afecto. É para além disso potencialmente perigoso. Mesmo assim qualquer veterinário ou casa de banhos e tosquias para cães lhe dirá que é bastante comum aparecerem cães dificeis de manipular. Na verdade a grande maioria dos cães ficam com um nível de stress muito elevado quando são examinados ou restringidos por estranhos. Existem poucas diferenças fisicas entre um abraço e uma restrinção, ou entre a manipulação e a examinação. A diferença fundamental é a perspectiva do cão, ou seja, sentem que são abraçados e manipulados por familiares e amigos e restringidos e examinados por estranhos.
Os veterinários e os "groomers" simplesmente não conseguem fazer bem o seu trabalho se o seu cão não estiver relaxado e sossegado enquanto está a ser examinado e manipulado. Cães adultos, agressivos e medrosos ou cães adolescentes facilmente excitáveis muitas vezes necessitam de ser anestesiados, amarrados ou ençaimados para que se possam efectuar os exames necessários.
A restrinção feita pela primeira vez ou só na situação stressante transforma toda a experiência ainda mais assustadora para o cão e piora com o tempo todo o processo. Cães sem treino acabam expostos aos riscos de constantes anestesias, e aumentam os valores de cada consulta veterinária... e os motivos dos abandonos andam à espreita a cada esquina. Mas tudo isto é simplesmente ridiculo. Nós humanos não necessitamos de anestesia para consultas de rotina , no dentista, no cabeleireiro, etc. Nem os cães se os seus donos lhes ensinassem a gostar de estar com outras pessoas a ser manipulados e a terem calma.
É simplesmente injusto permitir que o seu cachorro cresça sendo medroso ou ansioso ao pé de pessoas estranhas e de serem tocados por elas. Se tivermos em mente que os cães vivem constantemente em contacto com pessoas, será uma vida de tortura para esse pobre animal.
Não é suficiente que o seu cachorro simplesmente tolere a manipulação, ele tem de aprender a gostar de ser mexido pelos estranhos. Um cão que não goste verdadeiramente de ser restringido ou manipulado por estranhos é uma bomba relógio à espera de rebentar. Um dia uma criança vai tentar abraçar o seu cão ou mexer-lhe e ele, você e a criança vão ter um grande problema.
O seu cachorro precisa de ser manipulado por pessoas da familia e depois disso por pessoas estranhas, comece também por pessoas adultas e só depois as crianças, primeiro as mulheres e só depois os homens.
Assim como os exercicios de socialização (artigo "Boas maneiras para cachorros" neste blogue) necessitam de ser iniciados por pessoas adultas da familia e com uma restrinção ligeira e à medida que o cão se habitua a ser manipulado poderá passar a integrar as crianças e estranhos nesses exercicios, bem como aumentar o nivel de restrinção exercida.
Um cão arisco é um cão potencialmente perigoso, esta não é uma questão de raça, de tamanho ou de género do cão, é uma questão de educação.
Por isso não deixe para amanhã o inicio deste treino, comece agora mesmo.

Bons treinos!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (10)

Pergunta 10: Como é que impeço o meu cão de roubar coisas como toalhas e papel higiénico?

Se não quer que o cão roube papel higiénico, coloque-os bem acondicionados no balde ou mande-os pelo cano abaixo. É tão simples quanto isso. Se o seu cão fica maluco com o papel higiénico use-o como recompensa, diga-lhe "senta, lindo menino toma o papel".
O segredo é manter a casa arrumada e com os objectos fora do seu alcance. Com os cachorros é obrigatório que tudo esteja fora do seu alcance até ele estar treinado em termos de boas maneiras em casa. Restrinja o acesso à casa de banho, à cozinha ou a outras divisões que tenham objectos possiveis de ser usados como brinquedo. E claro guarde: sapatos; livros; comandos de televisão; etc.
Simultaneamente, cultive o seu interesse em brinquedos de roer como kongs, bolas de encher de ração, ossos, etc. Pode transformar o seu cão num dependente de brinquedos de roer, colocando toda a sua ração nos mesmos. À noite faça a preparação dos kongs e congele-os, quando vai trabalhar no dia seguinte, esconda pela casa a quantidade diária de ração dentro de vários destes brinquedos. Assim o cão terá brinquedos bem mais interessantes que o papel higiénico. Passado uma semana, o cão transforma-se num kongodependente.
Adicionalmente, ensine-lhe jogos e interaja com ele de forma a exercitá-lo mentalmente o suficiente, pois ele necessita de tanto exercicio mental como fisico e um pode substituir o outro em algumas circunstâncias.
Dr. Ian Dunbar

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (9)

Pergunta 9: Como é que ensino o meu cachorro a parar de me morder?

A maioria dos cachorros são "máquinas de morder" com dentinhos afiados, e irão crescer e aumentar o poder da sua mordedura, por isso a inibição da mordida, ou seja aprender a usar a boca de forma gentil é muito importante na educação de um cachorro.
Ensine a inibição da mordida em duas etapas: 1- Limite a força da mordida do cachorro; 2- Diminua a frequência. Terá que ser pensado por esta ordem porque se inibir completamente o cão de morder demasiado cedo ele nunca aprenderá a controlar a força da dentada. Então porque não ensiná-lo simplesmente a morder?! Em adulto supondo que alguém pisa o cão e o magoe ou o assusta enquanto dorme ou roe um osso, a sua reacção instintiva será defender-se através de uma dentada ... e vai ser com força. Mas se ele aprender a não magoar as pessoas, através de treino de controle ele preferirá rosnar, dar dentadas no ar para afastar a pessoa, ou em último caso uma dentada que nem faz ferida.
Para inibir a força brinque com o cachorro tendo em atenção as suas dentadas. Quando as dentadas não magoam continue a brincadeira. Mas sempre que ele o magoa, pare, e diga "AI" e faça um intervalo de dois minutos na brincadeira. A diversão termina, forçando o cachorro a sossegar. O cachorro aprenderá que se mantiver as dentadas a um nível leve a brincadeira continua e está tudo ok, mas dentadas fortes não são bem vindas e fazem parar a diversão.
Para inibir a frequência, assim que o cachorro já controle com facilidade a força, faça de conta que essas dentadas leves também magoam, mesmo que seja mentira. Se ele apenas brincar com a boca sem a fechar diga-lhe "lindo menino", e reforce, mas se ele aumentar um pouco a intensidade diga "AI". O cachorro aprenderá que os humanos são basicamente em bom português umas flores de estufa, por isso terá que ter muito cuidado quando está a brincar não vá fazer alguma coisa que acabe com a brincadeira.
Eventualmente, se quiser, pare a brincadeira sempre que o cão morder seja como for.
Para um controlo ainda maior da mordida ensine-lhe a ordem "OFF" praticando este exercicio:
Deixe o cão mordiscá-lo, e depois diga-lhe "off". Quando ele soltar diga "muito bem" e dê-lhe uma recompensa. Depois deixe-o voltar a mordiscar. Para assegurar que o cão mantem o controlo na mordida pratique constantemente este exercicio até à idade adulta.
Dr. Ian Dunbar