sábado, 12 de janeiro de 2013

Feliz 2013... ou será que estamos em 1900?!

O ano começou. O ano que sucede ao que foi rico em descobertas acerca da senciência animal está aqui, no ano passado ficou provado, se algumas dúvidas existissem ainda, que os animais não são coisas, nem lá perto. Na realidade com o passar dos anos e com o amontoar de evidências científicas, começa a tornar-se impressionante ouvir e ver o ser humano sempre a dirigir-se aos animais no mesmo registo, como se estivéssemos em 1900 e não em 2013.

Começamos o ano com uma tragédia, a morte de uma criança de 18 meses, supostamente devido a uma dentada de um cão arraçado de uma raça potencialmente perigosa que não é raça em Portugal.

Esta semana foi prodiga em mostrar porque é que estamos na bancarrota e os políticos continuam e aumentar nas sondagens, a mentalidade de alguns portugueses fica muito aquém do esperado. Hoje ouvi uma figura supostamente culta da nossa sociedade o Sr. Daniel Oliveira, insurgir-se contra a petição para salvar o Zico, "animais e pessoas não são comparáveis" dizia, "os animais não são pessoas logo não podem ser alvo de justiça" e "o abate é uma medida de segurança básica". Fiquei baralhado, pensei que ele falava com pessoas do Bloco de Esquerda de vez em quando, que tinha um cartão lá para casa, será que nessas conversas eles não explicaram porque é que é necessário um novo Estatuto Jurídico do Animal? Será que não lhe explicaram porque é que as touradas devem deixar de ser financiadas? Se calhar só vai aos congressos, está muito ocupado a escrever.

A pena de morte é desumana, se uma pessoa mata outra em Portugal não é aplicada a pena de morte, porque ela tornaria a sociedade em assassinos tal qual a pessoa alvo da pena, então um cão que é um animal senciente, cujos comportamentos são complexos e resultado de uma imensidão de motivos vamos resumir a sua sentença à morte? Então o cão matou a criança porquê? É agressivo? Donde surgiu a agressividade? O que aconteceu?

A morte desta criança, tal como já tive oportunidade de dizer em reunião com o membro responsável do executivo autárquico da cidade, foi o resultado a passividade de todos nós. Toda a sociedade portuguesa é culpada. Todos temos sangue nas mãos, chegou a altura de em Beja todos os que interferem nesta realidade assumam as suas responsabilidades e mudem o seu comportamento, pela memória desta criança inocente. Chegou a hora de mudar, e parece que pelo menos em Beja isso vai acontecer, vamos ver que mudança acontece, quem está disponível para falar de soluções e trabalhar nisso, vamos ver quem é que se desmarca e arrasta o problema, vamos ver quantas tragédias são precisas. Sim porque morrem milhares de cães todos os dias, morreu esta criança, o que é que é preciso mais?

Ser dono de um cão em Beja ou em Portugal é ter um sentimento de impunidade presente, é saber que na realidade nada nos acontecerá se formos irresponsáveis. O cão morde, é abatido, e tudo bem "eu nem queria já o cão, tentei abatê-lo mas não me deixaram".

Feliz 2013! O ano da mudança!