segunda-feira, 18 de março de 2013

O essencial está à nossa frente...

Devido a problemas e frustrações no treino da Iris, passei alguns meses esmorecido. Se existe uma coisa em comum entre as pessoas que optam por não usar aversivos no treino dos cães é a coerência, ao ponto de se dizer a nós mesmos... "Educas cães de outros no dia em que conseguires ultrapassar os teus problemas e educares a tua cadela como tinhas prometido a ti próprio, até lá estuda e percebe o que andas a fazer mal!!!"
Na procura de mim próprio e da alegria de ter uma cadela espetacular comecei a ler algumas coisas da Susan Garrett, a pessoa indicada para me fazer ver onde estava errado. E de facto não demorou muito tempo. Ela diz o seguinte: "pare de gerir o comportamento do seu cão e inspire-o".
Tudo são "distrações", o mundo está cheio de coisas fantásticas, todas elas são mais interessantes que fazer as coisas que nós pedimos, então vamos ensinar os nossos cães a fazer escolhas, a escolher entre duas coisas. Se ele fizer a escolha certa recompensamos com algo que ele adora. Cabe-nos a nós criar um historial de escolhas certas, uma história de comportamentos adequados recompensados de forma extraordinária.
Eu andava a gerir o comportamento da Iris. Para ensina-la a fazer escolhas ela teria de ter oportunidade de falhar, teria de errar para saber que a consequência de o fazer existia (ausência de diversão), tal como quando escolhe a coisa certa (diversão sem limites).

Ao ler o e-book do "Five Minute Fórmula to a brilliant recall", mais conhecido por "Recallers", da Susan Garrett, percebemos aquilo que nos falta aprender, aquilo que nos falta entender. Ela estruturou simples brincadeiras de forma a criar um elo entre o dono e o cão mais forte que qualquer coisa.

Se me perguntassem hoje qual é a coisa mais difícil de conseguir no treino de cães, eu diria, sermos a coisa mais importante para o nosso cão, conseguir que ele esteja sempre que possível a tentar fazer aquilo que esperamos dele para obter coisas de que ele gosta. Quero dizer com isto, tirar a trela e coleira ao nosso cão e ele continuar focado em nós. Isto não é uma coisa que nós possamos exigir, que possamos obrigar a fazer, se iniciarmos esse caminho não só não atingimos o nosso objetivo como com o passar do tempo estamos cada vez mais longe dele.
Neste árduo trabalho de (re)inspirar a Iris as coisas nem sempre correm bem, acontecem erros pelo caminho, mas só assim é que vamos conseguir aprender. A Susan Garrett é daquelas pessoas no treino de cães que eu adoro, dedicou a sua vida aos cães, escolheu colocar o relacionamento com eles no topo da lista de prioridades, encontrou uma forma autodidata de os treinar para aquilo que queria, sem lhes usurpar a vida, esforça-se ao máximo para que as coisas corram bem cada vez que tem um novo cachorro, sem deitar para o "lixo" os seus cães mais velhos e consegue sucessivamente ter sucesso no treino para Agility. Está neste momento a criar uma nova forma de estar no treino de cães a nível mundial... Não tenho ídolos, mas esta senhora inspira-me a inspirar a Iris e por isso lhe estou imensamente grato.

NOTA: Os cães da Susan Garrett não são perfeitos, roem coisas, ladram à porta de casa, etc., não existem cães perfeitos, porque os cães são animais complexos, sencientes e na sua complexidade, tal como no ser humano, a perfeição não existe.