domingo, 30 de janeiro de 2011

Interagir com cães medrosos...

Texto escrito por Nicole Wilde, em http://www.gentleguidance4dogs.com/:
Qualquer pessoa que realize trabalho numa associação de cães abandonados seja por quanto tempo for vai certamente encontrar a sua quota-parte de cães medrosos.
Ao trabalhar com cães medrosos é crucial entender que a linguagem corporal os afecta. A maneira como nos movimentamos e o que fazemos tem um impacto directo na resposta emocional do cão. Percepcionar os pequenos detalhes da linguagem corporal humana no que ao cão diz respeito permitir-nos-á parecer menos ameaçadores e a ganhar a sua confiança. Ser capaz de colocar um cão medroso mais à vontade é uma ferramenta inestimável para um voluntário de uma associação de cães abandonados, para pessoas que fazem FAT’s e para donos.

As seguintes dicas relativamente à linguagem corporal humana são aplicáveis na interacção com qualquer cão, mas são especialmente importantes quando estamos a lidar com um cão medroso. Adopte estes cuidados e ensine-os a outras pessoas que interajam com cães medrosos:

1. Deixe o cão vir até si. Se o cão está assustado, devemos permitir-lhe que decida se vai aproximar-se ou não. Não o restrinja ou o force a aceitar o contacto de outrem. Lembre-se da resposta instintiva de “luta ou fuga", se lhe retirar a oportunidade de fuga a escolha do cão só poderá ser uma.

2. Vire-se de lado. Estar frente a frente para o cão é mais intimidatório que ficar parcial ou completamente de lado, até virar apenas a cabeça de lado fará um cão assustado ficar menos ansioso.

3. Não fixe o olhar…por favor! Um olhar fixo e directo é muito conhecido por entre o mundo animal (e no Metro de Nova York!). É perfeitamente normal olhar para o cão, apenas suavize a sua expressão e não olhe fixamente directamente para os olhos do cão.
4. Não ande a pairar. Inclinar-se sobre um cão medroso poderá aumentar a sua ansiedade para um nível que se torne defensivo.

5. Acaricie o cão de forma adequada. Aproximar-se de cães através de carícias na cabeça é uma péssima ideia. Tente visualizar esta interacção do ponto de vista do cão, uma palma da mão a aproximar-se de cima pode ser uma coisa assustadora. Costumo fazer demonstrações com crianças para ensinar-lhes a acariciar apropriadamente os cães. A criança desempenha o papel do cão. Digo-lhe que a vou acariciar de duas maneiras diferentes, e ela dir-me-á qual delas é a mais agradável. Primeiro levo lentamente a minha mão em direcção à bochecha da criança e acaricio-a, sorrindo e dizendo “lindo menino”. Depois aproximo bruscamente a minha mão da cabeça da criança e dou umas pancadinhas repetidas e digo em voz alta “lindo menino, lindo menino” Os miúdos invariavelmente gostam mais da primeira opção. Se os cães pudessem responder por eles próprios, nove em cada dez diria que gostavam mais da primeira opção também. Não se trata de dizer que os cães não podem ser acariciados no topo da cabeça, mas essas pancadinhas não são um bom método para a aproximação inicial. É mais sábio fechar a mão e mantê-la virada para baixo por baixo do nariz do cão para que possa cheirar, depois faça umas carícias no peito do cão e vá gradualmente movendo a mão por um dos lados até à cara ou corpo do cão, se notar que o cão está a sentir-se confortável com isso. Não agarre bruscamente a coleira de um cão, qualquer cão.

6. Baixe-se, não agarre por cima. Os cães pequenos em particular são muitas vezes agarrados bruscamente de cima quando se quer levá-los ao colo para outro sítio. Movimentos rápidos, directos ao cão, por cima da cabeça são muito mais assustadores que movimentos lentos e indirectos. Para levantar um cão pequeno do chão, agache-se, acaricie o cão durante uns momentos e depois de forma gentil coloque as mãos por debaixo da barriga e do peito e levante-o.

7. Tenha atenção ao seu sorriso. Enquanto os humanos interpretam o sorriso como algo amigável, o cão pode não gostar muito de ver o sorriso colgate. Uns dentes espectaculares são, no fim de contas, também muito conhecidos no mundo animal. Uma amiga minha acompanhou-me uma vez numa visita aos lobos do centro de resgate. Ela sentou-se pacientemente no chão, sem se mexer. Finalmente um grande lobo preto aproximou-se para a investigar. Ela não se conseguiu conter e sorriu com todos os dentes da sua boca. O lobo saiu disparado como se ela tivesse tentado dar-lhe uma paulada. A lição? Guarde os sorrisos colgate para os encontros amorosos ou com outros humanos. Sorria a canídeos com a boca fechada!
Bons treinos!

2 comentários:

Emmanuelle Moraes disse...

Muito bom!!

Flávia Serrano disse...

Depois de ler estas informações sobre como lidar com os cães percebi que embora fizesse algumas coisas bem, tais como não forçar o cão à nossa presença e dar a mão a cheirar primeiro antes de lhe tocar, percebi tambem que cometo alguns erros, como por exemplo, o primeiro sitio onde faço festas a um cão é na cabeça, embora não lhe dê pancadinhas, acaricio-o levemente, mas provavelmente a proxima vez que o fizer já não irei logo acariciar o cão na cabeça. Obrigada